
Há um homem em minha porta, esperando pra que eu abra, mas eu não quero abrir. Não vou quebrar a cara de novo, não dessa vez. Não tem como abrir, a porta está trancada, estou sozinha, com medo, ele bate na porta, várias vezes, com força, com muita força, a porta treme e eu não quero que ele arrombe, não quero que ele entre sem a minha permissão. Ele implora para que eu abra, mas eu não quero, estou disposta a ignora-lo da melhor forma possível. Ele diz que não vai embora e eu insisto para que não fique, mas ele é teimoso, ele vai ficar, não importa quanto tempo passe, ele quer se explicar, mas eu não vou ouvir, o meu orgulho é maior. De madrugada eu levantei pra tomar água e escutei um choro abafado vindo da porta de entrada/saída, ele ainda estava lá, eu não quis acreditar, mas era verdade, ele não tinha ido embora. Ele é teimoso. Ele não vai enquanto eu não o ouvir. Meu orgulho é maior, não deixa. No final, eu não aguentei, deixei que ele entrasse e lhe ofereci um copo d'água e perguntei o que ele queria comigo e ele respondeu que não sabia viver sem mim, eu sentei a seu lado o abracei e disse que não queria ser machucada, abandonada como da última vez, mas ele não foi paciente, se levantou do sofá , saiu e bateu a porta.
De manhã me ligaram, disseram para que eu ficasse calma, a coisa era séria. Ele estava morto. Se suicidou por mim, mas antes deixou um bilhete, ''Fui um idiota, desculpa se eu te magoei. Como não posso viver sem minha amada, fiz que minha dor para-se, peço perdão por ser um fraco.
Ass.: O homem que bateu em sua porta.''
- Victória Armando